segunda-feira, 2 de novembro de 2009

NESTE FINADOS, NOSSA HOMENAGEM A QUEM SOUBE VIVER


---Com atraso, mas com senso de oportunidade, homenageamos hoje ERICA BAYER in ROTH, falecida em outubro, aos 92 anos de idade, nossa voluntária no Setor EOJ (Encontro de Orientação de Jovens), onde desenvolvia um programa de apoio psicanalítico aos jovens em situação de risco moral e social.
---Nascida em 1917 na Hungria, após infância na Croácia, chegou ao Brasil, fugindo do nazismo. Aqui, criou a Casa do Menor Trabalhador, em 1958. Atuou na Associação de Marinheiros, em 1962, anos turbulentos. Ensinou política e filosofia aos marinheiros e suas famílias. Criou uma escola, um serviço de obstetrícia e organizou o departamento jurídico. Tanta atividade em tempos tão difíceis fez com que fosse levada ao CENIMAR (centro repressivo da Marinha), para interrogatório.
---Em 1967, trabalhou como assistente na Penitenciária Lemos de Brito, conseguindo, pioneiramente, que os presos pudessem encontrar suas mulheres. Quando ocorreu uma fuga em massa de presos, Drª Erica, considerada suspeita, mais uma vez sente o peso da mão da repressão militar, indo presa para a Ilha das Flores, sem que nada ficasse provado contra ela.
---Por sua atuação junto aos recrutas da Marinha, foi por eles homenageada com o título de Madrinha dos Marinheiros.
---Em 2006 recebe a Medalha Chico Mendes, comenda criada pelo Grupo Tortura Nunca Mais, para homenagear os lutadores pela democracia, justiça e direitos humanos.
---Aos 82 anos, a anciã que já era formada em física e assistência social, resolve, nesta fase em que muitos já deram suas vidas úteis por terminadas, formar-se psicanalista. Começa nova etapa de sua aventua humanitária. Passa a atuar em nosso EOJ (Encontro de Orientação de Jovens), apoiando as famílias e os jovens por nós assistidos na VIJI, intentando resgatar-lhes o senso de dignidade humana.
---Muitas vezes a víamos, pelas ruas, dirigindo lucidamente seu automóvel, mulher operosa, alegre e ativa. Exemplo de vida para todos que a conheceram.
---Quando soube de seu passamento, Drª Inês comentou: "Que morte bonita!" Sim, porque Drª Erica morreu atuante na causa do bem.
---Fica nossa homenagem aqui. Mas que em nossos corações, façamos a maior homenagem, seguindo seu exemplo de militância serena e constante. Quando faltarem forças, sua lembrança nos inspirará.
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